Com a maior expectativa de vida na história do Brasil, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos, em 2030. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o país será a quinta população mais idosa do mundo em 11 anos. Esse crescimento sinaliza a necessidade de profissionais especialistas com a saúde na terceira idade, o que impacta diretamente na carência de Cirurgiões-Dentistas especialistas em Odontogeriatria.
Em âmbito nacional, dos 328 mil Cirurgiões-Dentistas com inscrição ativa nos Conselhos de Odontologia, apenas 275 são especialistas em Odontogeriatria. Os dados apontam crescente necessidade da população para esses profissionais. Entre 2012 e 2018, a população com 65 anos ou mais de idade cresceu 26%, o correspondente a 21,872 milhões de pessoas idosas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por isso, a assistência odontológica é fundamental para garantir qualidade de vida na terceira idade. O artigo científico “Cuidado é Fundamental”, publicado na Revista Online de Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, demonstra que a saúde bucal é parte integrante do idoso e, juntamente com a Odontogeriatria, proporciona manutenção necessária para boa qualidade de vida. É a base da pirâmide para a saúde do idoso por meio da qual acontece a mastigação e se inicia o processo digestivo, influenciando diretamente na condição nutricional, na autoestima e, consequentemente, na qualidade de vida da pessoa idosa.
Segundo a Doutora em Ciências da Saúde e Especialista em Periodontia e Odontogeriatria, Denise Tibério “os cuidados com a higiene desde a infância são de extrema importância, porém é recomendado à pessoa idosa que estimule a formação de saliva com a ingestão diária de líquidos, aumente a frequência da mastigação, realize visitas periódicas ao Cirurgião-Dentista especialista Odontogeriatra, a fim de verificar a existência de lesões indolores e controlar a higiene”, pontuou.
Nesse contexto, conforme o Ministério da Saúde, os idosos devem estar atentos às doenças bucais que mais os acometem nessa faixa etária, são elas: cáries, lesões da mucosa bucal, muitas vezes por próteses antigas mal adaptadas; problemas periodontais, xerostomia (também conhecida como boca seca), gengivite e câncer de boca. O alerta à prevenção pode ser uma das saídas para esses problemas. Para Denise Tibério, os idosos necessitarão de atendimento Odontológico domiciliar e de profissionais além de habilidosos, muito bem desenvolvidos na academia, capacitados para atender essa parcela da população específica e tão heterogênea.
Para a especialista, com o aumento no número de idosos no País, o Odontogeriatra deverá ser preparado para atender a terceira idade com o que diz respeito às limitações que a terceira idade apresenta seja na visão, audição, tato, ou seja, as alterações sensoriais, de forma integrada. “Muito além do sorriso, temos a missão de contribuir com o bem-estar e qualidade de vida dos pacientes na terceira idade. Além da saúde bucal, o aumento da expectativa de vida do idoso está vinculado ao lazer, hábitos alimentares saudáveis, atividade física para melhoria da saúde como um todo”, destacou a Especialista.
Direito do Idoso
Nesse sentido, o atendimento e acompanhamento da saúde bucal do idoso como direito é uma pauta que tramita no Congresso Nacional. Em junho, o Projeto de Lei 1800/2019 chegou na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), da Câmara dos Deputados, e aguarda votação do parecer favorável da relatora, a deputada federal Tereza Nelma (PSDB-AL). O Projeto é de autoria do Deputado Gilberto Nascimento (PSC/SP).
O Projeto caminha em consonância à defesa do Conselho Federal de Odontologia (CFO), a respeito da inclusão da saúde bucal em todas as políticas para intervenção governamental. Em suma, o PL 1800 acrescenta a previsão no Estatuto do Idoso (Lei 10.471/03) e, inclusive, altera a Lei 8.842/94 que prevê a promoção da capacitação de profissionais para cuidado e acompanhamento da saúde bucal da terceira idade.
Especialização
A Odontogeriatria é uma especialidade existente desde os anos 2000, de forma que o profissional habilitado nesta área é o mais preparado para o tratamento Odontológico em pacientes com mais de 60 anos, pois têm conhecimento do envelhecimento biológico, psíquico e emocional. Para a especialista, o Odontogeriatra possui domínio amplo das doenças prevalentes na terceira idade com suas repercussões na cavidade bucal – podendo elaborar um programa preventivo – e de conhecimento dos medicamentos de usos continuo suas repercussões na cavidade bucal; somado ao domínio da interferência dos medicamentos com a farmacologia odontológica e anestésicos de usos odontológicos.
Perfil
Denise Tibério possui graduação em Odontologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, especialização em Geriatria e Gerontologia e em Odontogeriatria; mestrado em Reabilitação pela Universidade Federal de São Paulo (USP), doutorado em Ciências, no Programa de Pós-graduação em saúde coletiva pela USP e, inclusive, é autora do livro sobre Alzheimer na Clínica Odontológica.
Por Verônica Veríssimo e Michelle Calazans Ascom CFO
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Fotos: acervo pessoal da Cirurgiã-Dentista Denise Tibério